quarta-feira, 20 de outubro de 2010



 Preservando a fauna e a flora brasileira


          Muitas espécies vegetais e animais já desapareceram da Terra e outras estão ameaçadas. As causas da extinção das espécies são as mais diversas: mudanças no ambiente, falta de alimento, dificuldades de reprodução e, sobretudo, a ação destruidora do homem.
         
Além de lançar na água, no ar e no solo os mais diversos tipos de substâncias tóxicas e contaminadas, o homem também agride o ambiente capturando e matando animais silvestres e aquáticos e destruindo matas e floresta.
         
A seguir informamos as principais ameaças à destruição da fauna e da flora brasileiras. Tomando conhecimento delas, poderemos contribuir para que a natureza seja menos agredida e, assim, ajudar a preservar as espécies.

A extinção de animais brasileiros

         Por diferentes motivos como caçadas, falta de reprodução, mortes naturais por doenças adquiridas no próprio ambiente, muitos animais brasileiros estão ameaçados de extinção, isto é, suas espécies correm o risco de desaparecer da Terra.
         
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou um mapa do Brasil que mostra, por regiões, as espécies animais ameaçadas de desaparecimento, principalmente pela destruição do ambiente em que vivem. O título desse mapa, que traz um total de 303 espécies ameaçadas, é Fauna ameaçada de extermínio.
         
Um dos coordenadores daquele trabalho, o biólogo Luiz Carlos Aveline, explica que o uso da expressão extermínio, em vez de extinção, tem o objetivo de mostrar que os animais estão ameaçados principalmente por culpa do homem.
         A seguir, você vai saber quais são as espécies brasileiras mais ameaçadas.

Jacaré
         
O jacaré do Pantanal Mato-Grossense é um dos animais brasileiros que vem correndo maior risco de desaparecer.
         Os coureiros, como são chamados os caçadores de jacarés, matam esses animais e retiram sua pele. A carne é abandonada; depois de decomposta, restam montes de ossos.
         A pele do animal é vendida dentro e fora do país. Com ela, fabricam-se bolsas, sapatos, cintos, carteiras, etc.
Ema
         
A ema também é um animal bastante perseguido pelo homem, já que suas penas são usadas em fantasias exibidas durante o carnaval. O uso das penas de ema torna essas fantasias caríssimas.
Paca
         A carne de paca é apreciada por muitas pessoas. Por isso, a paca é outro animal bastante caçado.
Pássaros
         
Os pássaros, de um modo geral, são retirados das matas para serem comercializados. São encontrados em feiras livres, engaiolados e nas piores condições de vida. Curió, canário-da-terra, canário-belga, sabiá, estevão, azulão e cardeal são os pássaros mais vendidos.
As ameaças da pesca predatória
        
A pesca predatória também coloca em risco a sobrevivência de muitas espécies animais, principalmente quando a atividade pesqueira é realizada durante a época de reprodução dos peixes. Com a captura de machos e de fêmeas em época de reprodução, as várias populações de peixes podem diminuir drasticamente, já que, com isso, são impedidos de produzir descendentes.
         Um dos animais marinhos que vêm correndo sério risco de extinção é a tartaruga. Ela está ameaçada não só pela pesca predatória, mas também pela depredação de seus ovos pelo homem. A tartaruga pões os ovos em ninhos cavados na areia das praias. Quando o homem descobre o local da desova, ele desenterra os ovos para comer, reduzindo, assim, a capacidade de reprodução da espécie.

A extinção de vegetais brasileiros
        
Numerosas plantas brasileiras também estão desaparecendo por vários motivos. Todos causados pelo homem. A construção de estradas é um exemplo.
         Muitas florestas naturais já foram derrubadas para dar lugar a estradas, cidades, plantações, pastagens ou para fornecer madeira.
         Esse tipo de devastação já ocorreu na floresta Amazônica, na floresta do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais e em grandes áreas de mata no Paraná, no Mato Grosso, em São Paulo e na Bahia.
         Os incêndios também são causas de destruição de florestas, bosques e matas. Muitas vezes os incêndios acontecem por acidente, como um cigarro aceso jogado nas matas, principalmente em épocas de seca. Mas, freqüentemente, são realizados propositadamente. Isso é comum na floresta Amazônica.

Influências das florestas sobre a natureza
        
As florestas desempenham um papel muito importante na conservação da natureza, pois elas influem no clima de diversas formas:
·        Impedem que os raios solares incidam diretamente sobre o solo, tornando a temperatura mais amena.
·        Aumentam a umidade da região por meio da transpiração das plantas, tornando maior o índice de chuvas.
·        Auxiliam a renovação do ar atmosférico. Durante a fotossíntese, as plantas liberam oxigênio para o ar atmosférico, retirando dele o excesso de gás carbônico.
·        Diminuem a velocidade do vento e a incidência direta da chuva no solo, reduzindo assim a erosão.
         Além dessas vantagens, as florestas impedem que a água das chuvas chegue até o solo com muita força e carregue consigo as substâncias nutritivas da camada superficial. Assim, a flora não só protege o solo contra a erosão provocada pelas chuvas como a mantém fértil.
         Se o homem souber explorar os diversos ecossistemas da Terra sem destruí-los, estará preservando todas as espécies e garantindo recursos para gerações futuras.




Ara chloropterus: Arara vermelha.
  
Amazônia brasileira e em rios costeiros margeados por florestas no leste do País, chegando originalmente até o Espírito Santo, Rio de Janeiro e interior do Paraná. Encontrada também do Panamá ao Paraguai e Argentina.


Habitat: Florestas altas, de galeria e campos com árvores isoladas.
Alimentação: Frutos, sementes, folhas, insetos e pequenos vertebrados.
Reprodução: Geralmente de novembro a março. Neste período costumam ficar agressivas, sobretudo em cativeiro, com seus tratadores. O acasalamento é lateral, diferentemente da maior parte dos psitacídeos, que é feita com o macho sobre a fêmea. Colocam de 2 a 4 ovos e o tempo de incubação é de 28 dias.
Conservação: Ameaçada de extinção.
A Arara-vermelha-grande mede de 73 a 95 cm de comprimento, e pesa até 1,5 kg. Ela se chama vermelha, mas é colorida. Tudo bem que a cor que lhe dá o nome é predominante, mas ainda tem as asas azuis com uma faixa verde. Por causa deste detalhe, inclusive, é também conhecida como arara-verde.

Monogâmica, quando forma um casal, esta união é para sempre. Uma característica da família dos Psittacídeos. Quando têm filhotes, macho e fêmea cuidam de aumentar os buracos que fazem em troncos ocos de palmeiras ou em paredões rochosos, como forma de protegê-los dos predadores naturais - leia-se tucanos, macacos e cobras.


Mas hoje, a própria devastação das florestas e a retirada de indivíduos de seu habitat (para tráfico e comércio ilegal), também se configura uma ameaça à sua sobrevivência. Tanto que a arara-vermelha-grande já está desaparecida de partes extensas de sua área de distribuição.


Um hábito curioso desta ave é o fato de ela se alimentar de terra e barro (normalmente ricos em minerais). A explicação mais recorrente é que elas fazem isso para neutralizar as toxinas que ingerem quando consomem frutas verdes.  A arara-vermelha grande pode viver 60 anos.

 
Exposição fotográfica sobre as belezas, ameaças e tradições do oeste baiano chega à região

Exposição sobre as belezas naturais ameaçadas

Quiterianópolis. Um patrimônio ambiental, localizado a 12 km da sede deste Município, na localidade de Cacimbas, está ameaçado desaparecer, caso não cessem os avanços dos desmatamentos frequentes naquela área de preservação. Lá, estão situadas as Cachoeiras do Penha, lugar em que a natureza promove um espetáculo de rara beleza. É uma região com vegetação típica do bioma caatinga.

Do riacho Coimbra, afluente do rio Poty desembocam quatro grandes quedas de água, que se destacam entre os paredões, emoldurados por uma biodiversidade única na região. Espécies vegetais como macambiras, crotes, umburana de cheiro, aroeira, barriguda, tamboril e angicos, entre outras permeiam o local, misturando-se à paisagem e à rica fauna.

"Toda a beleza pulsante do bioma caatinga pode ser aqui encontrada", diz o ambientalista Valdo Vale, diretor do Polo Audiovisual Santa Rita, localizado no município. O Polo realiza projetos financiados pelo programa Mata Branca, fazendo um trabalho de conscientização ambiental dos proprietários das terras. Um deles é o "Anjos da Caatinga", no qual oito monitores ambientais fazem um trabalho voluntário de defesa e preservação da área. Eles fazem um trabalho de coleta de dados e participam de campanhas de sensibilização. Produzem conteúdos audiovisuais para a comunidade de Cacimbas e localidades vizinhas, mostrando a importância do patrimônio natural para as futuras gerações.

Quem visita a área, que é considerada APP (Área de Preservação Permanente) fica encantado com a diversidade e a beleza da "mata branca". Durante os meses de fevereiro a julho, devido ao inverno, o Penha se revela com suas majestosas cachoeiras, entre elas: Salto Maior, do Convento e Poço do Boi, com uma vazão muito grande, encantando quem passa por lá. Em apenas uma trilha pela área podem ser encontrados mais de oito tipos de árvores em extinção do bioma, como arapiraca, pau d´arco roxo, pau d´arco branco, imburana de cheiro, imburana de espinho, imburana preta, ingá e juazeiro.

Todo esse patrimônio natural, porém, pode desaparecer em pouco tempo, caso os desmatamentos não sejam freados na região, cuja área é composta por 300 hectares. Nos últimos três meses, os monitores ambientais que realizam um trabalho de levantamento de dados sobre a fauna e flora das Cachoeiras do Penha têm se deparado com sucessivos exemplos de desrespeito ao ecossistema da região, que a passos largos se transforma em uma paisagem angustiante. "A degradação dói nos olhos de ambientalistas que conhecem as belezas e riquezas deste monumento natural dos Inhamuns", diz Valdo Vale.

A natureza já manifesta sinais visíveis de degradação. Dois olhos d´água que também compõem a beleza do lugar já estão com as suas nascentes comprometidas, tendo já perdido 40% da sua vazão, comprovado pelos monitores ambientais do Polo, que atuam no local diariamente. A menos de cinquenta metros dessas nascentes já foram feitos desmatamentos.

Prejuízos são visíveis

A fauna e a flora também foram atingidas. "Várias espécies de plantas, árvores e pássaros vêm sofrendo com o desmatamento feito próximo aos locais de reprodução, trazendo prejuízos constantes e aos poucos o desaparecimento destas espécies", denuncia o diretor do Polo Santa Rita. João de barro, maracanã, pica-pau rei e periquitos são exemplos de pássaros do bioma caatinga existentes na região, que estão convivendo com o crime ambiental e correm sério risco de extinção. A vegetação também já denota grandes prejuízos e degradação. De acordo com Valdo, nos últimos três anos, a região já perdeu mais de 70% de toda a sua rica cobertura vegetal.

O desmatamento desordenado na região provoca a preocupação, revolta e protestos de ambientalistas na região dos Inhamuns. "Solicitamos uma providência urgente dos órgãos de fiscalização e uma posição definitiva do governo com relação ao futuro da região, que se encontra em grau de degradação muito grande", aponta Valdo Vale.

Monitores preocupados

Os monitores do Polo também reclamam da realidade da região. "O Penha é sem dúvida um dos lugares mais lindos que tive a oportunidade de conhecer, um exemplo de que a caatinga tem a sua beleza particular, a prova está aqui nesta região, quando olhamos as nascentes de água no meio desta paisagem cinza e a beleza das macambiras e crotes, que merecem uma atenção maior por parte das autoridades", declara Rodrigo Ferreira.

O monitor Diego Silva também protesta. "A gente fica triste de ver o quanto a gente se empenha, luta por esta causa e constata este nível de destruição. Será que daqui a dois anos estaremos aqui a lamentar a perda de um dos mais belos monumentos naturais da região dos Inhamuns?", questiona.

Cláudia Araújo, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) de Quiterianópolis, diz que a partir dos protestos dos ambientalistas, e também preocupados com a situação na APP, o Conselho reuniu os proprietários e está articulando uma reunião técnica com os órgãos de preservação ambiental, Semace e Conpam.

SEGUNDO MINISTÉRIO

Só 1% do bioma caatinga está em área de proteção ambiental

Preservação e recuperação das áreas passam por trabalho voluntário do produtor rural, através de metodologia adequada

Quiterianópolis. Áreas de Preservação Permanente (APP) são regiões nas quais, pela Lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de fauna e flora, bem como do bem-estar da população humana.

Com respeito ao bioma caatinga, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) cerca de 7% se encontram em unidades de conservação, menos de 1% em unidades de proteção, que são as mais restritivas à intervenção humana.

Estas unidades, no entanto, têm sérios problemas de implementação, pois têm de lidar com diversos problemas relacionados à proteção da sua biodiversidade, como caça, focos de incêndio, desmatamento e tráfico de animais silvestres.

A criação de novas unidades de conservação, aumentando a área protegida deste bioma, assim como a melhoria da gestão das já criadas são metas do MMA, por meio do Núcleo do Bioma Caatinga. Na última reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado do MMA, em agosto passado, em Brasília, foi aprovada a resolução sobre a metodologia adotada no País. No texto-base, é definida a metodologia para recuperação das APPs, consideradas de interesse social pelo Código Florestal. "A resolução, caso aprovada, será um instrumento na mão do produtor rural para que ele possa fazer a recuperação das áreas de preservação permanente sem burocracia", explicou o diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros. A ideia é que aconteçam, voluntariamente, ações de restauração e recuperação de APP. De acordo com o texto, a recuperação de APP poderá ser feita por três métodos: condução da regeneração natural de espécies nativas; plantio de espécies nativas; e plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas.






































































































































































LEIS SOBRE CONSERVAÇÃO DE MANACIAIS!!
 

Lei Estadual n.º 9866/97

A partir do final dos anos oitenta passou a ser cada vez mais evidente a necessidade de se reformular a legislação de proteção aos mananciais, seja para adequá-la às alterações jurídicas e legais ocorridas com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e Constituição Estadual de 1989, seja pela constatação de sua baixa efetividade.

Após um longo período de discussões foi promulgada, em 1997, a Lei Estadual nº 9866 , que estabeleceu novos critérios e procedimentos para a proteção dos mananciais do Estado de São Paulo.

Entre os objetivos da nova lei destacam-se: proteção e recuperação de condições ambientais específicas, necessárias para a produção da água na quantidade e qualidade demandada atualmente, e garantir o abastecimento e o consumo das futuras gerações.

A grande novidade dessa lei é o âmbito de sua aplicação. Enquanto a legislação de mananciais da década de 70 se aplicava apenas à Região Metropolitana de São Paulo, essa nova lei se aplica a todo o estado de São Paulo, visando a proteção dos mananciais de interesse regional para o abastecimento público em qualquer parte do território paulista (art.3º).

A lei, no entanto, não define quais são as áreas consideradas de interesse para o abastecimento público, ou seja, não cria efetivamente as Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRMs). Para que isso ocorra é necessário um complexo sistema de elaboração e aprovação, que se inicia com os Comitês de Bacia Hidrográfica, que deverão propor ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos a criação de uma determinada APRM, que, se aprovar a proposta, e depois de ouvidos o CONSEMA e o Conselho de Desenvolvimento Regional – CDR, a encaminhará ao Poder Executivo para que este finalmente encaminhe um Projeto de Lei à Assembléia Legislativa propondo não só a criação de uma APRM, mas também a aprovação de uma lei específica que regulamente as atividades de gestão, preservação e recuperação ambiental na região protegida.

A Lei 9.866/97 define alguns instrumentos e mecanismos capazes de atuar diretamente nos fatores sociais, econômicos e políticos que compõem a região e determinam a estruturação e ocupação destas áreas a serem protegidas. Estes instrumentos são: (i) exigência do estabelecimento de leis específicas para cada Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM); (ii) exigência de formulação do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) de cada (APRM); (iii) estabelecimento de orientações para definição de mecanismos de compensação; e (iv) estabelecimento de orientações para fiscalização, monitoramento e aplicação de penalidades.

Além disso, a lei 9.866 determina as seguintes diretrizes:


a) Adoção da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento e gestão;

b) Definição de três tipologias de Áreas de Intervenção:
Áreas de Restrição à Ocupação: são as definidas pela Constituição do Estado e por lei com preservação permanente, de interesse para proteção dos mananciais e para a preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais;
Áreas de Ocupação Dirigida: são as de interesse para a consolidação ou implantação de usos rurais e urbanos, desde que haja manutenção das condições ambientais necessárias à produção da água em quantidade e qualidade suficientes para abastecimento da população atual e futura;
Áreas de Recuperação Ambiental: são as que em razão dos usos e ocupações comprometem a qualidade e a quantidade dos mananciais, exigindo ações de caráter corretivo. Poderão ser reenquadradas através do PDPA nas duas classes acima, quando comprovada a efetiva recuperação ambiental pelo Relatório de Situação da Qualidade da APRM.

c) Definição de mecanismos de gestão das Áreas de Proteção e Recuperação dos Mananciais - APRMs, estabelecendo:
Órgão Colegiado Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) correspondente a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos ou o Sub-comitê vinculado ao CBH com expressa delegação de competência. É órgão consultivo e deliberativo composto por Estado, Municípios e Sociedade Civil com direito a voz e voto.
Órgão Técnico Agência de Bacia ou órgão indicado pelo órgão colegiado.

É responsável por implantar e operacionalizar o Sistema Gerencial de Informações (SGI); assistir e capacitar órgãos, entidades e municípios do Sistema de Gestão; elaborar, rever e atualizar o PDPA, etc.
Órgãos da Administração Pública Responsáveis pelo licenciamento, fiscalização, monitoramento e implementação dos programas e ações setoriais









Ameaças para a água

Ameaças para a água

O forte calor dos últimos dias e a falta de chuva remetem a um tema que volta e meia vem à tona: a falta de água no planeta. O Brasil e Mato Grosso são privilegiados por deterem os maiores mananciais de águas subterrâneas. São lençóis, às vezes nem tão profundos, que percorrem quase todo o Centro-Oeste (passando por Jaciara, até Goiás e Minas), inclusive com termais. Mas a poluição desses mananciais preocupa até quem mora bem longe daqui.
Cerca de 80% da população mundial vive em áreas onde o abastecimento de água potável não é assegurado, de acordo com um estudo publicado na revista científica Nature. Os pesquisadores organizaram um índice com as "ameaças para a água" incluindo itens como escassez e poluição. Cerca de 3,4 bilhões de pessoas enfrentam as piores ameaças, segundo o estudo. Os pesquisadores dizem que o hábito ocidental de conservar água para suas populações em reservatórios funciona para as pessoas, mas não para a natureza.
Eles recomendam que países em desenvolvimento não sigam o mesmo caminho, mas sim invistam em estratégias de gerenciamento hídrico que mescle infraestrutura com opções "naturais", como bacias hidrográficas e pântanos. Os autores dizem que nas próximas décadas o panorama deve piorar, com o aumento populacional e as mudanças climáticas. Eles combinaram dados de diferentes ameaças para a confecção do índice. O resultado é um mapa que indica as ameaças ao fornecimento para a humanidade e para a biodiversidade.
O que foi mapeado foi um padrão de ameaças em todo o planeta, apesar dos trilhões de dólares gastos em engenharias paliativas, como represas, canais e aquedutos usados para assegurar o abastecimento de cidades.
No mapa das ameaças ao abastecimento, boa parte da Europa e América do Norte aparecem em condições ruins. Mas quando o impacto da infraestrutura criada para distribuir e conservar a água é adicionado, as ameaças desaparecem destas regiões, com exceção da África, que parece estar rumando para a direção oposta. Na verdade, estes investimentos beneficiam menos de um bilhão de pessoas, o que significa que excluímos a grande maioria da população mundial. Mas mesmo em países ricos esta não é a opção mais inteligente. Poderíamos continuar a construir mais represas ou explorar mais fundo o subterrâneo, mas mesmo se tivermos dinheiro para isso, não é uma saída eficiente em termos de custo.
De acordo com esta e outras pesquisas, a forma como a água é tratada no Ocidente teve um impacto significativo na natureza. Um exemplo citado é o abastecimento de água da cidade de Nova York, feito por fontes nas montanhas de Catskill. Estas águas historicamente não precisavam de filtragem até a década de 1990, quando a poluição provocada pela agricultura mudou o cenário. A solução adotada, um programa de conservação de terras, se provou mais barata do que a alternativa de construção de unidades de tratamento. A atual análise pode vir a ser contestada por conter elementos relativamente subjetivos, como por exemplo a forma como as diferentes ameaças são pesadas e combinadas.
Mas os pesquisadores a consideram uma base para futuros estudos e calculam que ela possa ser melhorada quando surgirem dados mais precisos, especialmente de regiões como a África.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

ADAPTAÇÕES VEGETATIVAS E REPRODUTIVAS DAS PLANTAS DIANTE DA DIVERSIDADE DO AMBIENTE EM QUE SE DESENVOLVEM
 


 
 

As árvores do interior da mata são adaptadas à sombra, desenvolveram grande área foliar a fim de captar o máximo de luminosidade possível nessas condições. Tem espécies que passam toda a vida sombreadas e mesmo assim, são capaxes de produzir flores, frutos e sementes. Muitas árvores são esguias, sem ramos, a não ser na parte superior. É que devido ao sombreamento, os ramos inferiores foram eliminados.

Sobre os troncos das árvores encontram-se dezenas de orquídeas, bromélias, cactáceas, ou seja, epífitas perfeitamente adaptadas a vida longe do solo.Como as epífitas não mantém contato com o solo muitas vezes possuem problemas de nutrição. Nada retiram das árvores apenas buscam uma maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo atraindo animais polinizadores, como o beija-flor. Nos troncos onde as águas das chuvas escoam rapidamente, as epífitas tiveram que se adaptar a secas periódicas, mesmo vivendo num ambiente úmido. Bromélias possuem folhas que formam um reservatório de água, na forma de um copo. Nesses reservatórios aquáticos podem viver algas, protozoários, vermes, lesmas e até pererecas constituindo uma pequena comunidade. As orquídeas, cactáceas guardam em suas suculentas flolhas a água que necessitam para a sobrevivência.

epífitas

Há plantas que começam como epífitas e terminam como plantas terrestres. Suas sementes germinam sobre forquilhas de ramos ou axilas de folhas, onde foram depositadas por pássaros em suas fezes; suas raízes crescem em torno do caule da hospedeira, em direção ao solo, onde penetram e se ramificam; com seu crescimento em espessura acabam concrescendo umas com as outras formando uma coluna vigorosa, capaz de suportar sua copa, quando a hospedeira, com seu caule asfixiado no interior, morre e se desfaz. O exemplo típico é o Ficus, conhecido como mata-pau. Certas espécies nascem no solo, atingem com seu eixo principal ou com alguns ramos um suporte e nele se fixa; se porventura se desfizer a ligação, por qualquer motivo, com o solo, por exemplo por morte de parte do eixo em contato com ele, essas plantas passam a viver epifiticamente.

bromélia

Na mata existe uma planta que abriga formigas, a embaúba, a única planta que fora da região amazônica se associa com formigas, enquanto lá os exemplos desta associação são numerosos. A formiga protege a planta contra a ação de predadores e essa árvore serve de abrigo às formigas.

No chão da floresta alguns fungos, as micorrizas, formam-se junto às raízes das árvores onde auxiliam na absorção de nutrientes.

Plantas saprófitas evoluídas a ponto de dispensar a clorofila, deixando de fazer a fotossítese, vivem a custa de matéria orgânica em decomposição. São plantas esbranquiçadas que crescem em meio as folhas no chão da floresta.

Nesses matas são comuns as raízes tabulares e as raízes de escoras, que são dispositivos para se coletar oxigênio do ar, uma vez que a taxa de oxigênio do solo é pequena. Além disso solos muito úmidos não proporcionam boa fixação, assim as raízes tabulares aumentam a base de sustentação da planta. Devido a densidade da vegetação ser muito grande, os ramos nas copas das árvores se entrelaçam e as plantas assim se suportam reciprocamente e mesmo que os troncos sejam cortados, a árvore não cai por estar presa à copa.

O chão da floresta é um verdadeiro berçário de plantas recém germinadas ou em vida latente dentro das sementes. Muitas dessas plantas podem passar anos aguardando que uma árvore caia, abrindo uma clareira para que tenham luz suficiente para crescer. Outras suportam até a passagem do fogo das queimadas para depois germinar e auxiliar na cicatrização da floresta. Algumas espécies como os manacás-da-serra e quaresmeiras produzem milhares de minúsculas sementes que o vento carrega e deposita sobre as áreas abertas onde rapidamente crescem fechando as "feridas".

Na floresta temos plantas que emitem odores atraentes ou até mesmo simulando uma fêmea de algum animal com a função de atrair polinizadores, tais como abelhas,vespas, moscas, besouros, borboletas, mariposas, aves ou até morcegos.

Durante o inverno, ipês e suinãs exibem suas flores nos altos das copas ao mesmo tempo em que derrubam todas as folhas, tornando as flores visíveis a seus polinizadores a longa distância. Algumas espécies produzem suas flores junto aos troncos onde abelhas e outros polinizadores no interior da mata podem encontrá-las com mais facilidade.

Há plantas que abrem ao entardecer no mesmo período de atividade de seus polinizadores, tais como pequenos morcegos.

Na dispersão das sementes tem plantas que produzem frutos ou sementes com asas ou longos pelos, valendo-se dos ventos para distribuí-las. Ourtas produzem frutos explosivos, que ao secarem lançam suas sementes à longas distâncias. Diversas plantas produzem frutos suculentos e coloridos que se prestam à alimentação de vários animais. Depois da digestão, estes seres defecam as sementes prontas para germinar.

As folhas são muitas vezes brilhantes, recorbertas por cera, tendo superfícies lisas e pontas em forma de goteira. Todas essas características facilitam o escoamento da água das chuvas impedindo sua permanência prolongada, o que seria inconveniente sobre a superfície foliar porque pode obstruir estômatos, além de servir para, em suas gotas, se desenvolverem microorganismos que podem determinar doenças. Outros mecanismos são conhecidos tais como: caules e folhas pendentes, folhas de limbo em pedúnculos delgados e longos, que se curvam ao peso da água fazendo com que a ponta do limbo se incline para baixo, o que determina o escoar da água por ação da gravidade e com isso o peso do limbo diminui e volta à posição anterior.

 

A SITUAÇÃO ATUAL DESSA FORMAÇÃO VEGETAL NO BRASIL DO PONTO DE VISTA DA PRESERVAÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS E ANIMAIS
 

Um dos motivos para preservar o que restou da Mata Atlântica é a rica biodiversidade, ou seja, a grande variedade de animais e plantas. Calcula-se que nela existam dez mil espécies de plantas, sendo 76 palmeiras, 131 espécies de mamíferos, 214 espécies de aves, 23 de marsupiais, 57 de roedores, 183 de anfíbios, 143 de répteis e 21 de primatas. Dentre estes animais estão vários morcegos destacando-se uma espécie branca. Dos símios destacam-se o muriqui, que é a maior e mais corpulenta forma de macaco tropical, e o sauí-preto que é o mais raro dos símios brasileiros. Habitam também a mata diferentes sagüis, os sauás, os macacos-prego e o guariba que está se extinguindo. Dos canídios, o cachorro-do-mato é um dos predadores mais comum juntamente com o guaxinim, o coati, o jupurá, os furões, a irara, o cangambá, e felinos, como gatos-do mato que se alimentam de animais como o tapiti, diferentes ratos-do-mato, caxinguelês, cotias, outiço-cacheiro, o raro ouriço-preto, etc.

caxinguelê

Ocorrem também na mata tamanduás-mirins, preguiças, e tatus, com destaque a preguiça-de-coleira que hoje em dia está tão escassa e já ameaçada de desaparecimento.

garça branca

Entre 1985 e 1990 foram cortadas na Mata Atlântica 1.200.000.000 árvores. Apesar disso, a Mata Atlântica conserva sua importância em termos biológicos. O recorde mundial de diversidade de árvores pertence a uma área no sul da Bahia onde os botânicos registraram 450 tipos de árvores num único hectare, sendo que a maior parte deste imenso patrimônio era desconhecido. Ainda se tiram centenas de ervas medicinais e aromáticas para serem comercializadas tanto dentro do Brasil como com outros países.

O mico-leão dourado é uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Ele só é encontrado em uma pequena área de Mata Atlântica no Rio de Janeiro. Para evitar sua extinsão, é preciso garantir habitat suficiente para abrigar uma população de 2000 animais até o ano 2025.

Devido a grande devastação dessa mata quase 200 espécies estão ameaçadas de extinção fora aquelas que já se extinguiram, metade das espécies vivas hoje poderá estar extinta até o final do próximo século.

Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do Mar. Aí ainda é possível ver o jequitibá-rosa, o gigante da floresta, as flores roxas das quaresmeiras e até alguns sobreviventes do pau-brasil. Embaixo das árvores, há pequenas árvores, arbustos e palmeiras, cobertos de bromélias e orquídeas. Encontramos morcegos, marsupiais, como o gambá e a cuíca; vários tipos de macacos; répteis como os lagartos, jabutis, cágados e cobras; as lindas borboletas que ainda não foram transformadas em quadros para turistas, e uma rica variedade de aves.

 

PREJUÍZOS E BENEFÍCIOS DECORRENTES DA DESTRUIÇÃO OU PRESERVAÇÃO DESSA FORMAÇÃO VEGETAL NO BRASIL SOB O PONTO DE VISTA ECOLÓGICO E EVOLUTIVO

 

Atualmente, da segunda grande floresta brasileira restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original. Em alguns lugares, como no Rio Grande do Norte, nem vestígios e o resultado é o agravamento da seca no nordeste. Sem a floresta, a umidade é insuficente para provocar as chuvas. E os ventos que sopram do mar, não encontrando a barreira da floresta, levam o sal natural para a região do agreste, prejudicando sua vegetação. Mas, os ventos deslocam as dunas, que assoreiam as lagoas existentes no litoral. Os grandes rios que cortam a área original da Mata Atlântica, o Paraíba, o São Francisco, Jequitinhonha, Doce e Paraíba do Sul, antigamente tinham águas cristalinas ou tingidas de preto pelas folhas em decomposição da floresta. Hoje suas águas são barrentas por causa dos sedimentos arrastados pela erosão do solo desprotejido de vegetação, ou tão poluídas que são um perigo para a saúde.

A Mata Atlântica é considerada atualmente um dos mais importantes conjuntos de ecossistemas do planeta, e um dos mais ameaçados. As pouquíssimas ilhas de floresta que restam não podem desaparecer.

A destruição da biodiversidade e o desmatamento elimina de uma só vez grande contingente de espécies muitas vezes desconhecidas. Além disso homogeiniza o ecossistema quando se implanta a monocultura.

A destruição do solo e a retirada da floresta rompe com o sistema natural de ciclagem de nutriente. A remoção da cobertura vegetal fará com que a superfície do solo seja mais aquecida. Esse aquecimento aumentará as oxidações da matéria orgânica que se transformará rapidamente em materiais inorgânicos, solúveis ou facilmente solubilizados. O solos deixam também de ser protegidos da erosão pelas chuvas. Estudos da Embrapa constatam que, dos 3,5 milhões de hectares de pastagens que substituiram a floresta, 500 mil se degradaram num intervalo de tempo de 12 anos, além das queimadas e carvoeiros instalados.

aspecto da floresta após ação antrópica
carvoeiros

No que tange as mudanças climáticas as florestas são responsáveis por 56 % da umidade local. Sua destruição elimina essa fonte injetora de vapor de água na atmosfera, responsável pelas condições climáticas regionais. Ao mesmo tempo diminui o poder de captura do CO2 atmosférico.

As monoculturas implantadas em área de mata são mais sensíveis a pragas e doenças. O ecossistema sob estresse tem tolerância menor ao ataque de parasitas e doenças; consequentemente tem sido introduzidos nessas áreas grande quantidade de inseticidas e agrotóxicos para atacar as pragas, o que destrói ainda mais a diversidade de espécies e contamina os ecossistemas aquáticos.

DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FISIONÔMICOS, ESTRUTURAIS E FLORÍSTICOS DA FLORESTA ATLÂNTICA.

DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FISIONÔMICOS, ESTRUTURAIS E FLORÍSTICOS DA FLORESTA ATLÂNTICA.
 
Esse tipo de formação florestal recebe várias denominações: floresta latifoliada tropical úmida de encosta (segundo a classificação de Andrade-Lima), mata pluvial tropical (segundo Romariz) e mata atlântica (denominação mais geral). É claro que todas estas denominações são corretas. O que interessa é saber interpretá-las. A expressão de Andrade-Lima é a mais complexa. Está indicando que se trata de floresta sempre verde, cujos componentes em geral possuem folhas largas, que é vegetação de lugares onde há bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que é vizinha da costa ou acompanha a costa. Na expressão de Romariz, sabe-se que se trata de floresta cujos os componentes tem folhas largas, é mata dos trópicos úmidos e vive em encostas. Os autores que usam a expressão mata atlântica estão indicando sua vizinhança com o Oceano Atlântico. E desta vizinhança decorre a umidade transportada pelos ventos que sopram do mar. Como consequência dessa umidade surge a possibilidade de terem seus componentes, na maioria, folhas largas. E, ainda, esta umidade constante, aliadas às altas temperaturas é que garante o caráter de vegetação perenifólia (cujas folhas não caem antes de as novas estarem já desenvolvidas), pois a queda periódica das folhas de certa vegetação é determinada ou pela falta de água (seca física - queda de folha na caatinga) ou pelas temperaturas muito baixas que impedem a absorção da água embora ela esteja presente (.seca fisiológica - queda das folhas nas matas de climas temperados).

Portanto por receber muita energia radiante e pelo alto índice de pluviosidade, trata-se de uma floresta exuberante, de crescimento rápido, e sempre verde, ou seja, as folhas não caem.

Calcula-se que na Mata Atlântica existam 10 mil espécies de plantas que contém uma infinidade de espécies de cores, formas e odores diferentes. Nela se encontra jabuticabas, cambuás, ingás, guabirobas e bacuparis. Plantas como orquídeas, bromélias, samambaias, palmeiras, pau-brasil, jacarandá-da-bahia, cabreúva, ipês, palmito.

palmeira

Na Mata Atlântica convivem lado a lado desde árvores grandiosas como o jequetibá, figueiras e guapuruvas e até líquens, musgos e minúsculas hepáticas. Existem muitas espécies de árvores com troncos duros e pesados, uma grande quantidade de cipós se apóiam nas árvores. Encontram-se no chão da mata uma grande quantidade de fungos, plantas saprófitas, sementes e plântulas.

A Floresta Atlântica é semelhante fisionomicamente e em composição florística à Floresta Amazônica. São igualmente densas, com árvores altas em setores mais baixos do relevo, apesar de as árvores amazônicas apresentarem em média um maior desenvolvimento. Os troncos são recobertos por uma grande diversidade de epífitas que é um aspecto típico dessas florestas. A existência de grupos semelhantes de espécies entre a Amazônia e a Mata Atlântica sugere que essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua história. Certos contrastes diferenciam a Floresta Amazônica da Mata Atlântica; a primeira é em geral de planície e a segunda, de altitude. Suas temperaturas médias discrepam, do ponto de vista vegetacional.Quanto mais distante a Mata Atlântica estiver do equador, mais ela se difere da vegetação amazônica devido ao abaixamento da temperatura. Na Floresta Amazônica, as temperaturas médias são elevadas todo ano, em torno de 26-27° C, indo a máxima absoluta a 38,8° C e a mínima absoluta a 22° C, o que faz do seu clima uma constante quente durante todo ano. Já na Mata Atlântica, as temperaturas médias variam 14-21° C, chegando a máxima absoluta 35° C para menos, não passando a mínima absoluta de 1° C (embora, no Sul, possa cair até -6° C).

A Floresta Atlântica guarda, apesar de séculos de destruição, a maior biodiversidade por hectare entre as florestas tropicais. Isso é devido a sua distribuição em condições climáticas e em altitudes variáveis, favorecendo a diversificação de espécies que estão adaptadas às diferentes condições topográficas de solo e umidade. Além disso, durante as glaciações essas florestas mudaram de área nos ciclos climáticos secos e úmidos. O estudo dos grãos de pólen depositados nos sedimentos atestam que a América do Sul passou por mudanças climáticas que provocaram retração e expansão das formações vegetais há milhões de anos. As flutuações climáticas produziram períodos mais secos, com nível do mar abaixo do atual e retração das florestas e expansão dos cerrados. Portanto nos últimos milhares de anos a geologia não mudou, mas o clima variou entre as glaciações, ou seja, as águas quando congelavam nos polos abaixavam os níveis dos oceanos e chovia pouco. Nas interglaciações o tempo esquentava, o mar aumentava de volume e chovia abundantemente. Isso fez com que as florestas tropicais que vivem de umidade e calor passassem por momentos de incubação e outros de exuberante beleza. Nessa época a Serra-do-Mar tinha papel importante na sobrevivência da Mata Atlântica já que barrava a umidade vinda do oceano salvando milhares de espécies dependente dessa umidade. Essas mudanças influenciaram na formação dos padrões atuais.

Agrande quantidade de matéria orgânica em decomposição sobre o solo dá à mata fertilidade suficiente para suprir toda a rica vegetação. Um solo pobre mantém uma floresta riquíssima em espécies, graças à rápida reciclagem da enorme quantidade de matéria orgânica que se acumula ao húmus. A reciclagem dos nutrientes é um dos aspectos mais importantes para a revivência da floresta.

 

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE EM QUE SE DESENVOLVE A VEGETAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE EM QUE SE DESENVOLVE A VEGETAÇÃO
 


 

 

A Mata Atlântica compreende a região costeira do Brasil. Seu clima é equatorial ao norte e quente temperado sempre úmida ao sul, tem temperaturas médias elevadas durante o ano todo e não apenas no verão. A alta pluviosidade nessa região deve-se à barreira que a serra constitui para os ventos que sopram do mar. Seu solo é pobre e a topografia é bastante acidentada. No inteiror da mata, devido a densidade da vegetação, a luz é reduzida.

Há uma importante cadeia de montanhas que acompanham a costa oriental brasileira, desde o nordeste do Rio Grande do Sul até o sul do estado da Bahia. Ao norte as maiores altitudes se encontram mais para o interior do país, mas, nas regiões do norte do estado de Alagoas, todo estado de Pernambuco e da Paraíba, e em pequena parte do Rio Grande do Norte temos altitudes de 500 a 800 metros que estão próximas ao mar. Em São Paulo é conhecida como Serra do Mar e em outros estados tem outros nomes. Sua altitude média fica ao redor dos 900 metros. Em certos trechos é bastante larga, mas em outros é muito estreita. Afasta-se do mar em alguns pontos, se aproximando dele em outros.

Os ventos úmidos que sopram do mar em direção ao interior do continente ao subirem resfriam-se e perdem a umidade que possuem; o excesso condensa-se e se precipita, principalmente nas partes mais altas da serra, em forma de nevoeiro ou chuvas. Assim esses ambientes contém bastante umidade para sustentar as florestas consteiras, densas, com árvores de 20 a 30 metros de altura.Devido a densidade da vegetação arbórea, o sub-bosque é escuro, mal ventilado e úmido. Próximo ao solo existe pouca vegetação, devido à escassa quantidade de luz que consegue chegar aí.

As condições físicas na floresta atlântica variam muito, dependendo do local estudado, assim, apesar de a região estar submetida a um clima geral, há microclimas muitos diversos e que variam de cima para baixo nos diversos estratos. Os teores de oxigênio, luz, umidade e temperatura são bem diferentes dependendo da camada considerada.

Em certos pontos da floresta chega ao solo 500 vezes menos luz do que nas copas das árvores altas. A temperatura também varia bastante, as copas das camadas superiores se aquecem durante o dia, porém perdem calor rapidamente a noite. Ao contrário nas camadas inferiores, a tempratura varia muito pouco, já que as folhas funcionam como isolante térmico. Nas camadas mais altas, mais expostas, a ventilação tem valores consideravelmente maiores que nos andares inferiores da mata. Em resumo, os microclimas nos diversos andares de uma floresta pluvial podem ser muito diferentes, embora o clima geral (macroclimas) seja um só. O que interessa, naturalmente, a cada espécie e a cada indivíduo, não é o clima geral da região em que se encontra a floresta, e sim o clima ao qual ele faz parte; o importante é o clima a que ele (indivíduo) ou ela (espécie) estejam sujeitos (microclima).

Os solos da floresta são, via de regra, pobres em minerais e sua natureza é granítica ou gnáissica. A maior parte dos minerais está contida nas plantas em vez de estar no solo. Como há no solo muita serrapilheira que origina abundante húmus, existem microorganimos de vários grupos os quais decompõem a matéria orgânica que se incorpora ao solo. Esses minerais uma vez liberados pela decomposição de folhas e outros detritos, são prontamente reabsorvidos pelo grande número de raízes existentes, retornando ao solo quando as plantas ou suas partes (ramos, folhas, flores, frutos e sementes) caem. Fecha-se, assim, o ciclo planta-solo, que explica a manutenção de florestas exuberantes, em solos nem sempre férteis, às vezes paupérrimos (como é, muitas vezes, o caso de florestas da Amazônia).

No entanto, o desmatamento leva a um rápido empobrecimento dos solos, já que as águas da chuva levam os minerais e os carregam para o lençol subterrâneo (lixiviação). Esses solos por esse motivo normalmente não se prestam à agricultura, a menos que sejam enriquecidos anteriormente. Muito frequentemente são de composição argilosa e após desmatamentos sofrem erosão rápida ou então endurecem, formando crostas espessas de difícil cultivo. É porisso que a queimada de uma floresta tropical empobresse rapidamente o solo já que as águas da chuva carregam os sais minerais ao lençol subterrâneo.

 

MATA ATLANTICA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA REGIÃO


        MATA ATLANTICA           
 


 

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA REGIÃO

 

A mata atlântica originalmente percorria o litoral brasileiro de ponta a ponta. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, e ocupava uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à Floresta Amazônica.

O grande destaque da mata original era o pau-brasil, que deu origem ao nome do nosso país. Alguns exemplares eram tão grossos que três homens não conseguiam abraçar seus troncos. O pau-brasil hoje é quase uma relíquia, existindo apenas alguns exemplares no Sul da Bahia.

Atualmente da segunda maior floresta brasileira restam apenas cerca de 5 % de sua extensão original. Em alguns lugares como no Rio Grande do Norte, nem vestígios. Hoje a maioria da área litorânea que era coberta pela Mata Atlântica é ocupada por grandes cidades, pastos e agricultura. Porém, ainda restam manchas da floresta na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, no sudeste do Brasil.

O aparecimento da Serra-do-Mar e da Mantiquiera datam da separação entre o continente Americano e Africano. No pricípio eram altas montanhas e só com os milhões de anos de erosão conseguiram suavisar essas rochas de formação antiga que sustentam o continente sulamericano. Concomitantemente evoluíram as linhagens de plantas que originaram a Mata Atlântica. Nesta época também desenvolveram-se insetos, aves e mamíferos fazendo com que hoje fauna e flora se combinem rica e complexamente.

 

Área total original: aproximadamente 1,3 milhão de km2.

Área total atual: aproximadamente 52.000 Km2.

 

Mamíferos Marsupiais



O grupo de animais a que pertence o gambá difere tanto do dos demais mamíferos, que constitui uma subclasse, chamada dos didelfos ou ainda metatérios, em oposição à todos os demais mamíferos, que são os prototérios e monodelfos placentários ou eutérios.
Não bastará citar esta enfiada de nomes rebarbativos. É indispensável dizer por que foi preciso dividir em três a classe dos mamíferos. Militaram, de fato, para isso, razões ponderáveis.
Os marsupiais (que constituem a ordem única da subclasse) acham-se bem caracterizados pelo fato de os filhos nascerem ainda em começo de seu desenvolvimento verdadeiros embriões e após passarem para uma bolsa (marsúpio) que se localiza na região ventral posterior, isso nas espécies de maior tamanho,tal bolsa não existe, ou limita-se a uma simples prega lateral da pele.
A esse caráter, tão evidente em certas famílias, e apenas vestigial na maioria delas, vêm se juntar outros comuns a todas. Nas espécies brasileiras, há um sistema dentário com 50 dentes (i 5/4 c 1/1 pm 3/3 m 4/4), quer dizer, 13 dentes em cada ramo dos maxilares superiores e 12 nos da mandíbula.
Tal forma dentária afasta-se da que se encontra na maioria dos mamíferos a qual raramente consta de mais de 44 dentes. Ainda mais. A dentição é definitiva, exceção apenas de um só molar que sofre muda. Apontaremos mais o fato de os marsupiais possuírem dois úteros (didelfia) e a cloaca ser ao mesmo tempo a abertura urogenital, quer dizer, um esfíncter comum abarca as duas aberturas, anal e urogenital.
Os zoólogos ainda notam mais outros caracteres, como placenta ausente ou muito rudimentar. O cérebro não apresenta corpo caloso. A ordem dos marsupiais está dividida em várias famílias, só ocorrendo, no Brasil, uma: a dos didelfídeos, cujas espécies são assim grupadas por Miranda Ribeiro:
Arborícolas
Gambá fêmea, com a bolsa marsupial cheia de filhotes.
1.    Fêmea com bolsa perfeita, com pelo grosseiro — Didelphis.
2.    Fêmeas com bolsa, pelo fino, macio ou lanosoMetachirops.
3.    Fêmeas com bolsa imperfeita, verdadeira prega lateral:
1.    Pelo curto, base da cauda descoberta — Metachirus.
2.    Pelo farto, lanoso, cobrindo a cauda até a ponta — Mallodelphis.
3.    Idem à anterior, com a cauda coberta só na base — CaluromysPhilander.
4.    Fêmea sem vestígio de bolsa — Marmosa.
Nadadoras
1.    Com pés palmados, cauda não-preênsil, anfíbiosChironectes.
Terrícolas
1.    Cauda pouco ou não-preênsil, maior que o corpo e a cabeça juntos, aspecto musteloideLutreolina.
2.    Cauda menor que o corpo - Monodelphis (= Peramys), Microdelphis.
Percebemos logo pela divisão dessa família, com cerca de quarenta espécies conhecidas, que seus diversos membros têm hábitos dessemelhantes, pois, uns vivem nas árvores, outros habitam o solo e alguns até freqüentam as águas numa vida semiaquática.
Claro está que, igualmente, a alimentação deles deve diferir como teremos ensejo de ver.
O povo, a bem dizer, só distingue entre todos os membros da família cinco ou seis tipos: gambás, cuícas, cuíca-cauda-de-rato, cuíca-d'água, gambá-marta e rato-cachorro.
Convém, como melhor esclarecimento, dizer que embora a ordem seja chamada dos marsupiais, por possuírem uma bolsa onde protegem os filhos, este caráter só aparece, ao menos no Brasil, nas espécies do gênero Didelphis, gambás propriamente ditos e em uma cuíca. As demais ressentem-se da ausência da bolsa.

[editar] Quirópteros

No Brasil, assim como resto da América Latina, existem três tipos de morcegos:

[editar] Hematófagos

Existe quase uma centena de espécies de morcegos que habitam o Brasil, somente três se alimentam de sangue. Estas três constituem a família dos Desmodontídeos. Para bem distintingui-los, como convém, entre os demais, diremos que apresentam corpo robusto, orelhas curtas, com trago muito notável. Dedo polegar muito comprido. Focinho curto, com apêndice nasal reduzido a uma simples carúncula membranosa em torno das narinas. Esse focinho olhado de frente ou de perfil dá-nos impressão de uma miniatura de buldogue.
Sturnira lilium.
Mas o que muito caracteriza a família é não possui senão pequena e fina membrana ligando as pernas sem o menor vestígio da cauda. Ainda mais que isso,[1] caracteriza seguramente a família o seu aparelho dentário, cujos "molares são estreitos, com margens cortantes e incisivos superiores muito grandes, falciformes, maiores que os próprios caninos e extremamente aguçados".
Os morcegos hematófagos não se penduram pelos pés, como os frugívoros e insetívoros. Encostam a uma parede, ou árvore, com as asas encolhidas, fixando a unha do seu dedo polegar à parede a que se agarram, com a cabeça para baixo, no estilo geral da ordem. Embora assim apoiados à parede, tabuado, tábua, árvore, jamais ajustam o ventre a essa superfície. Há sempre um pequeno afastamento.
Outra particularidade é que sabem andar pelo chão, ou melhor, sabem locomover-se aí, aos altos à maneira dos sapos. Fixam residência no oco das árvores ou grutas, de onde saem ao baixar do crepúsculo para atacar animais de cujo sangue exclusivamente vivem. Atacam toda a espécie de gado, ave domésticas e animais silvestre.
Sílvio Torres, que entre nós fez observações minuciosas a respeito dos costumes destes animais em cativeiro, escreve:[2]
Quando se alimentam, é na maioria das vezes, com a cabeça para cima, de modo a apanhar o sangue que ocorre pela ferida; algumas vezes os vi lamberem o sangue por cima da ferida.
Os lugares para moderem são a base da cauda, a cernelha, espádua, a tábua do pescoço, a coroa os cascos e a face interna das coxas e testículos, quando os animais estão deitados.
Tendo o animal feridas anteriores, raspam eles com os dentes a casca até sair sangue; quando o animal não está ferido, eles escolhem o local, e mordem fazendo uma ferida redonda, pequena, só na epiderme, por onde corre o sangue. Ao morderem fazem um barulho seco — tac.
O animal, ao ser atacado, pela primeira vez, abana a cauda, e demonstra pelos movimentos, sentir a dentada. A crença de que os morcegos hematófagos secretam uma substância anestesiante antes de morderem não é verdadeira, pois sempre vi os animais demonstrarem que sentem a dentada.
Os animais do campo estão habituados a que pousem sobre eles pássaros que vêm comer carrapatos e por isso, não se espantam muito quando o morcego pousa neles.
Além disso, o morcego, antes de morder, fica muito tempo pousado no animal como que acostumando-o à sua presença.
Depois de feita a ferida, o morcego fica com a boca aberta junto dela, deixando sair a saliva: esta saliva, que contém substância anticoagulante, facilita a saída do sangue. O morcego encosta então a língua na ferida e canaliza o sangue para a boca. Quando eles ferem a pele da coroa dos cascos, vê-se nitidamente que encostam a língua na ferida e canalizam o sangue para a boca. Quando eles ferem a pele da coroa dos cascos, vê-se nitidamente que encostam a língua na ferida e canalizam o sangue para a boca.
Eles são ágeis; quando o animal recua o , dão um salto para trás; se o pé avança, saltam para frente como se fossem um sapo.
As três espécies sanguívoras são:
Desmodus rotundus rotundus.
Diaemus youngi.
A. Ruschi, escreve:
Além dos desmodontídeos, observamos que, acidentalmente, os filostomídeos Artibeus jamaicensis lituratus (Lichl) e Phyllostomus hastatus hastatus (Pallas) se alimentam de sangue. Em 1940 obtivemos alguns exemplares de Artibeus jamaicensis lituratus, colecionados nas folhas de palmeira real que se encontra no parque do Museu de Biologia, e ficamos surpresos quanto ao exame do conteúdo estomacal. Encontramos além de fragmentos de frutas, sangue coagulado. O fato levou à suposição de o fato ter sido provocado por hemorragia interna, devida ao impacto do ferimento recebido pelo projétil. Mais tarde, em 1952, pudemos observar que tal não acontecera, e houve a oportunidade de vê-los alimentarem-se de carne e sangue, o que nos elucidou a ocorrência anterior.
Eurico Santos, autor da Coleção Zoologia Brasílica, afirma em seu sexto volume:
Também, ficamos surpreendidos ao encontrar, em Castelo, no Espírito Santo, no oco de uma figueira, uma colônia de Phyllostomus hastatus hastatus, vivendo em comum com uma colônia de Molossus rufus. Nas fezes que escorriam pelo tronco dessa árvore, com a consistência e à semelhança das fezes dos desmodontídeos, após examinarmos o conteúdo estomacal de muitos indivíduos, constatamos ser responsável pelo sanguivorismo o P. hastatus hastatus, enquanto M. rufus rufus só trazia insetos no estômago. Em julho de 1952, tivemos em cativeiro tanto P. hastatus hastatus como Artibeus jamaicensis lituratus alimentando-se com carne e sangue. Tais observações puderam, de certa forma, reforçar o que P. L. Ditmars observara em 1935 na Ilha de Trindade, com o Vampyrus spectrum (Lin.) alimentando-se de pequenas aves e ratos.
Ainda achamos interessante enumerar aqui os trabalhos que realizamos com as espécies de quirópteros encontrados no Espírito Santo, uma vez que preparamos lâminas dos lóbulos cerebrais, do cerebelo e encéfalo, nos quais encontramos com freqüência corpúsculos de Negri; apenas tais corpúsculos foram observados em representantes das famílias Desmodus rotundus rotundus, Diphylla ecaudata, Artibeus jamaicensis lituratus, Phyllostomus hastatus hastatus, Lonchoglosa ecaudata, Lonchorhina gurita, Tonatia brasiliense, Molossus rufus e Todarida espiritosantensis.
Afirmou ainda que os morcegos sanguívoros devem ser perseguidos e destruídos, pois além de prejudicarem os animais domésticos pelas sangrias constantes, a ponto de matá-los, atacam também o homem e, além de tudo, está provado que vêm sendo causadores das epizootias de raiva que se desenvolveram em Santa Catarina e outros estados do Brasil.
Afora a raiva, tais morcegos transmitem provadamente algumas outras doenças aos animais domésticos, como a murrina e o mal-de-cadeiras, ambas causadas por tripanossomas.
Acredita-se que certas pessoas são preferidas pelos morcegos. A. R. Wallace, nas suas Viagens pelo Rio Amazonas e Rio Negro, diz que lhe informaram que certa rapariga índia era tão perseguida pelos morcegos, os quais a sugavam constantemente, e que, por fim, estando ela tão enfraquecida que os parentes, receosos pela vida da criatura, a levaram para outra região não tão abundante em morcegos.

[editar] Insetívoros e frugívoros

[editar] Com excrescência (folha) muito notável em cima do nariz (Filostomídeos)
Esta família, a mais numerosa das espécies, encerra famílias ricas em gêneros e muitas espécies. Só numa subfamília, a qual encerra apenas três espécies, naturais de Mato Grosso, é que não se encontra a excrescência (folha) em cima do nariz.
É pois, uma boa maneira de distinguir os membros dessa família, que encerra morcegos, geralmente de grande tamanho e até gigantescos e outros bem pequenos. Orelhas desenvolvidas, o mais das vezes.
Os que se alimentam de insetos apanham-nos ao voo e os frugívoros, que constituem maioria, penduram-se nas fruteiras e aí devoram os frutos. Habitam os ocos das árvores, grutas, fendas e cavernas. Outros há que se refugiam nas próprias árvores.
Cabeça de Vampyrum spectrum.
Durante algum tempo, essa família de mal-encarados morcegos, pesou a pecha de sanguivorismo. Basta citar o nome de uma espécie: Vampyrum spectrum para sentirmos uma arrepio de horror.
Trata-se do maior dos morcegos brasileiros, com 70 cm de envergadura, injustamente caluniado, arrastando através dos tempos a lenda do mais sedento vampirismo. E, entretanto, a feia criatura alimenta-se de frutos, insetos e carne, especialmente as aves, mas de sangue, não. Encontra-se da Bahia ao norte.
Na subfamília dos glossofagíneos, encontram-se morcegos que por muitos tempo foram julgados hematófagos. Esta velha pecha de sanguivorismo não era entretanto gratuita, pois recentemente (1953) Augusto Ruschi verificou que Phyllostomos hastatus hastatus era seguramente hematófago, e ainda igual regime alimentar-se se pode imputar às outras espécies até então livres desta suspeita, como ficou assinalado anteriormente.
Os autores antigos acreditavam que as longas papilas filiformes da língua fosse apêndices apropriados à sucção, mas sabe-se hoje que apenas se dedicam a extrair a polpa de certos frutos.
[editar] Sem excrescência em cima do nariz ou apenas com vestígios dela
  • Com focinho de rato (Vespertilionídeos): Dá-nos essa família os morcegos mais vulgares, cosmopolitas, pois são encontrados em toda a parte, exceto nas regiões polares. Das seis subfamílias em que se acham divididos, uma ocorre no Brasil com 13 espécies.
    São animais de porte não muito avantajado, focinho comprido, muito semelhante ao do rato, sem excrescência em cima do nariz, orelhas ora curtas, ora muito grandes, e trago comprido. A cauda é comprida e quase toda envolvida na membrana interfemural.
    Em geral são cor de rato ou avermelhados. Alimentam-se especialmente de insetos e podem ser assim considerados úteis e dignos de proteção.
    Logo que desce o crepúsculo iniciam as suas caçadas, naquele voo que nos parece incerto e titubeante, mas que eles sustentam durante longas horas. Caçam por vezes a noite inteira e só se recolhem após o albor da madrugada.
    O Dr. Campbell, num exame que fez dos excrementos destes morcegos encontrou 90% de restos de mosquitos. Nas suas 10 horas ou mais de caça calcula-se que cada um chega a apanhar de 500 a 600 desses insetos.
    Quer na América do Norte, quer na Europa, encontram-se abrigos em forma de torres para proteger esses quirópteros de tamanha utilidade. Há formas bem pequenas como a Myotis nigricans, que mede 40 a 45 mm, corpo e cabeça.
  • Com cauda de rato (Molossídeos): Distinguem-se bem os morcegos desta família, todos de tamanho regular, mas muito bem caracterizados pela cauda comprida que excede a margem inferior da membrana interfemural, de modo a ficar em grande parte livre.
    Mostra o focinho obliquamente truncado ou obtuso, orelhas ora largas e arredondadas ora estreitas e algo pontudas, por vezes ligadas na base.
    Muito curioso é que a membrana interfemural goza da faculdade de se retrair à vontade, e assim, com essa espécie de leme, o morcego toma com rapidez várias e tortuosas direções na caça aos insetos.
    Estes morcegos cosmopolitas como os da família anterior, possuem certas glândulas de secreção externa que espalham cheiro intolerável. São exímios caçadores de insetos, preferindo os coleópteros.
    No gênero Tadarida encontram-se espécies que se distingqem de todos os outros desta família por possuírem pregas verticais muito salientes no lábio superior - diz Cunha Vieira. Esses morcegos orelhudos acham-se espalhados pela América Central e do Sul.
  • Com ventosas nos pés (Tiropterídeos): Família muito curiosa de morcegos pequenos caracterizados por discos adesivos, verdadeiras ventosas de que seu , sola e polegares são dotados. Um só gênero com três espécies.
    Ninguém teve oportunidade de observar a vida destes morcegos de pequeno porte (Thyroptera albiventer - 35 a 37 mm cabeça e corpo) como Antenor de Carvalho e assim como Eurico Santos, autor da Coleção Zoologia Brasílica, transcreveu as informações do autor original:
    "Habitam exclusivamente as prefoliações das plantas da família das musáceas, denominadas "sororoca", Ravenala guianensis, "sororoquinha", Heliconia brasiliensis que são abundantes na região, e depois da introdução da bananeira (Musa sp.), nas prefoliações destas".
    "Repousam durante o dia dentro das prefoliações aderidos às paredes destas, uns por cima dos outros, sempre de cabeça para cima, em posição vertical, e mais ou menos expostos ao sol e às chuvas; pois, as sororocas nascem nas orlas e clareiras das capoeiras e matas".
    São encontrados de 2 a 6 indivíduos do mesmo sexo em cada prefoliação. Somente na época da criação é que se vêem indivíduos de sexos diferentes na mesma prefoliação, isto é, as fêmeas com machos jovens ainda mamando.
    Têm somente uma cria em cada parto, a qual trazem sempre aderida à teta mesmo no voo. Alimentam-se de pequenos insetos.
    Os filhotes já desmamados, ainda acompanham as mães por algum tempo, nos vôos de caça.
    Nos meses de setembro e outubro encontrei fêmeas prenhes, recém-paridas e com filhotes desmamados. São nômades, pois, as prefoliações só lhes oferecem abrigo por uns 3 ou 5 dias, findos os quais são obrigados a se mudar para outras prefoliações.
    Há ocasiões que em um sororocal não há uma só prefoliação com diâmetro capaz de lhes darem guarida, obrigando-os a emigrarem para outros sororocais mais distantes e hospitaleiros.
    Para entrarem nas prefoliações, aderem primeiro às bordas externas defronte ao ápice com um pequeno voo passam para a parede interna que contém o ápice e aderidos descem deslizando até o fundo da prefoliação.
    Para saírem, sobem deslizando até a borda, donde alçam voo.
  • Com lábio rachado (Noctilionídeos): Nesta pequena família, com dois gêneros e poucas espécies, encontramos morcegos grandes, de orelhas pontudas, bem separadas, focinho saliente, cheio de pregas, como se tivessem os lábios rachados.
    Olhando a caratonha do bicharoco, achamos algo da fisionomia canina. A membrana interfemural, ou uropatágio, é grande, totalmente nua, "perfurada na parte superior por uma cauda bem desenvolvida".
    As pernas longas e os pés muito desenvolvidos ostentam dedos fortes com verdadeiras garras. Dessas garras se servem para pescar peixes à maneira das gaivotas em voo por cima das águas dos mares e dos rios. Gostam tanto de peixe que chegam a roubá-los das redes dos pescadores, como Oliveira Pinto teve ensejo de observar na Ilha de Madre de Deus (Bahia).
    Tratava-se de Noctilio leporinus, o mesmo que o geógrafo Hugh Cotth observou na Ilha de Marajó. Esses morcegos pescadores (quer os do gênero Noctilio, quer os do gênero Dirias) vivem no oco das árvores, dando grande preferência à morcegueira. À tarde saem para as suas pescarias e caçadas pois no seu estômago têm sido encontrados insetos, bem como crustáceos e até frutos. Exalam um fedor insuportável, especialmente as espécies do gênero Dirias.
  • Com cauda livre (Embalonurídeos): São morcegos um pouco abaixo do tamanho médio, caracterizados "pela curiosa disposição da cauda, que sendo muito mais curta que a membrana interfemural, perfura-a na sua parte superior, ficando assim com a extremidade inteiramente livre.
    Os machos de certos gêneros possuem glândulas muito desenvolvidas, nas membranas das asas ou na interfemural. — Tais glândulas que parecem servir para atrair as fêmeas na época da procriação, desprendem um humor de cheiro amoniacal. São todos insetívoros.
    Como curiosidade do grupo cita-se o morcego-branco (Diclidurus albus) que tem pêlo lanoso, de cor branca-creme, orelhas arredondadas, curtas e de cor amarelada.
    O Príncipe de Wied, que o descreveu, encontrou-o nas folhas do coqueiro onde parece ter moradia.
    Outra singular criatura desta família é Rhynchiscus naso que podia chamar morcego-trombudo, pois o focinho acompridado dá ares de uma pequena tromba.
    A cor geral é parda-cinzenta, mais carregada no dorso e com o tom amarelado no ventre. Vivem em bandos nas vizinhanças dos cursos d'água e banhados.
    "Durante o dia escreve Carlos Vieira, repousam sobre as pedras ou na superfície lisa dos troncos que se debruçam sobre a água e aderem aí tão fortemente, que tomam a aparência de um bando de borboletas pouco visíveis, devido ao colondo cinzento-claro que os confunde com a casca das árvores".
    Ao chegar a tarde, fartos do repouso diurno, iniciam por sobre as águas a caça dos mosquitos e outros insetos.
    Amazonas, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Espírito Santo são os estados onde têm sido encontrados.